quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Essências

Essências

Medo por vezes alucina a noção do mundo
Insano pensamento aguça a mente
Várias variáveis analisadas sob o viés temível
Renasce da ideia semeada no profundo da percepção
Noção dividida em perplexos antagonismos eclode como explosão vulcânica
Para pensamentos soltos em alucinações devassas
Existem segredos que confundem, distorcem a real visão do todo
É oriundo da insegurança existencial do invisível, intocável, indevassável medo
Medo, incerteza, covardia ou lucidez de estar realmente morto
Não sabe da luz emanada da fonte explosiva que alimenta a mente
Vida que renasce trazendo perguntas, desejos e dramas
Essências de uma noção real da existência.

Alexandre Antonito Zampiva*
Daniel Albherto Gabiatti*
* Texto escrito à duas mãos, uma palavra de cada autor por vez.

Chore um pouco


Chore um pouco

Quando o coração é exprimido, aparecem as lágrimas
Lágrimas que purificam, lágrimas que confortam
Lágrimas, apenas lágrimas.
A vida é mesmo intrigante
Por vezes se está bem, por vezes se está mal
A força de um navio não pode ser medida em águas calmas
Ao navegarmos, a vida nos testa
                                          Não somos testados em águas calmas
Somos tentados à inércia pela calmaria, pelo conforto da rotina;
Eis que surge a tempestade,
Com todo o barulho, toda agitação, toda incerteza
As respostas ficam obsoletas
Mudam-se as perguntas
                                          Não temas, a tempestade logo passará
Sabes que seu navio é forte,
O mastro em pé continuará,
As velas, içadas permanecerão
O leme, firmemente guiará.
Olhe, é a Luz que D’ele irradia
Seus Ventos não nos levam por águas inavegáveis
O tamanho da tempestade é equivalente ao tamanho da força que se dispõe
                                         Nunca se está só
Não caminha sozinha, observe tantos caminham, navegam ao seu lado.
É invejada por tantos, sabes disso
Seu sorriso a alguns contagia, a alguns causa inveja
Sorria, sorria a quem merece, sorria a quem precisa sorrir
Descubra sua força
                                          Descubra, creia, seja
O sorriso pode não ser a solução, mas,
Prefiro encontrar a solução sorrindo.
Quanto às tempestades, deixe-as vir, deixe-as ir.
Por mais inconstante que pareça o momento,
Lembra-te, é apenas momento,
Às vezes empurramos tanta coisa que fica difícil continuar caminhando,
Leve consigo viagem adiante o que realmente importa
Preocupa-te em carregar a lembrança da paisagem,
As companhias do destino
Por vezes, purifica-te;
É na água que nos purificamos,
Nas águas da vida somos conduzidos pela Mão que a tudo afaga.
És maior que os momentos de tormenta
És melhor que as armadilhas a ti postas
Se necessário for, chore um pouco
Deixe aparecer as lágrimas que purificam,
As lágrimas que confortam
Lágrimas, apenas lágrimas.

Daniel Albherto Gabiatti.

A real idade da realidade


A real idade da realidade

Quer lembrar Nero
Incendiar cada palmo de mesquinharia e mesmice
Toda zona instalada nas casas do politicamente correto
Casas do medo da diferença, da indiferença, da mórbida semelhança
                                          Plantando preconceitos,
                                          Colhendo violência,
                                          Continuem! Aplausos! Bravo!
                                          Tenha santa paciência…
Casas que disparam moralidade,
Colhem intimidades tão públicas quanto o preconceito nosso de cada dia
Sua moralidade só serve como palanque à sua imundície
                                          Não te cegue com moralidades
As tribunas discursantes dos moralistas são construídas em sangue
Discursa-se com lama até o pescoço,
Brada-se contra a sujeira que inunda os quatro cantos do mundo
Que por sinal redondo é
                                          A cegueira machuca
Morra para viver
Mate para viver
Viva para viver
Mate pré-conceitos
Cultive alegrias
Viva plenamente, viva para frente, para sempre
Por mais que o mundo gire, nunca volta ao mesmo lugar
Por mais que queira ser o que já foste, só serás o que será
Serás aquilo que está por vir
                                          Complica-se tanto o simples
                                          Simplicidade é luxo nos palácios
                                          É vergonha nas palafitas
                                          É falsidade na media entre o nada e o tudo
Sinta a real idade do mundo
Construa a realidade que desejas
Observe, sinta, queira
O que é seu está guardado, guardado em ti, para ti
Em tuas atitudes, teus gestos,
No que pensas, mais ainda, e principalmente no que fazes para ser quem és
A realidade que te consome não é a realidade que produzes
Sinta a real idade do coração
Incendeie, palmo a palmo, a mesmice
Veja as chamas nas pupilas de Nero
É sua a real idade da realidade
Morra para viver
Mate para viver
Viva para viver.
.
Daniel Albherto Gabiatti

Norte à Noite.


Norte à Noite.
Quando a emoção transpassa os limites da retina
Soltam-se as amarras da lucidez
Eis que surge novo norte junto à noite
Noite que paira sob os olhos d’alma
Noite sem luar
Noite que cansei de chamar
Norte que da noite fez despertar
Vejo sua luz, então amanhece, amanheça!
                                           Quanto brilha, parece sonho,
                                          Suas asas, seu rosto, sua auréola
                                          Por onde andei?
                                          Por onde andou?
Queria antes poder dizer que encontrei
Sem procurar, encontrei o que se achava perdido
Encontrei meu sonho que o sono levou
Aqui chegou, aqui estou
Ó anjo meu, que tanto procurei
                                          Diga-me, é este o céu que prometeste?
                                          Por que mereço o céu?
Olhe quantas almas pairando sobre seus próprios corpos no campo de batalha
Guerras fúteis, batalhas inúteis
Olhe a pobre criança que chora
É a vida que clama
É a fome que crema
Terão elas o céu?
Ó anjo meu, olha estes anjinhos,
Ó anjo meu, se prefere não me explicar, tudo bem
Aclara a elas, explica tu ó Pai,
Ensina a quem precisa
Ensina que cada um é responsável por si e por sua família
Ensina que o mundo é a grande família
A grande árvore, da qual somos todos frutos
                                          Eis o norte junto à noite!
Há de ser tu, és tu e ninguém mais
É hora de ensinar, é hora de aprender, é hora de iluminar.
.
Daniel Albherto Gabiatti.

Aquele velho búfalo


Aquele velho búfalo

Apenas fantasmas no espelho
                                          [Faça-os tentar novamente!]
Como estão as coisas que nunca fez?
Por onde andam as pessoas que nunca encontrou?
Essa é a chance que eu nunca tive?
                                          [Não pense, apenas faça
                                          Não queira, seja]
Não existem segundas chances, sabe agora.
Faça ou deixe de fazer,
Outra hora quem sabe tornará a ver uma porta aberta
Ainda assim não será sua segunda chance.
Existem milhas e milhas a trilhar
Anos e anos a viver
Pouca coisa não é o bastante.
                                         [Alce voo com as rédeas do vento
                                         Com as asas que os sonhos fornecem
                                         Lembrará de tudo o que não viveste
                                         Será quem ainda não és
                                         A vida, saiba, liberta]
Veja o búfalo na pintura do velho índio
Lutaram juntos contra o impossível
Não estavam sós,
Acompanhados de seus sonhos e de sua liberdade, propuseram-se a  voar
Hoje voam juntos, além do conhecido, sopram como o vento
São brisa, movem as folhas, formam ondas
                                         [Tenha sensibilidade,
                                         Na gota d’água que inunda o oceano
                                         Veja a eternidade]
Sabe, ainda há tempo para que o tempo te surpreenda
Se assim desejares
As pessoas ainda podem e vão te surpreender
                                         [É possível crescer.]
Seja responsável por sua alegria,
Por quem amas e por aqueles que não tiveram a chance de amar.
O grão de areia na praia não faz o sol nascer ou se por
Mas certamente embeleza singularmente a aurora e o crepúsculo.
O horizonte só é distante para quem não sabe caminhar
                                         [Caminhe]
A exemplo do velho índio descubra sua força
Deixe os fantasmas tentarem novamente
                                         [Não passam de simples sombra]
Lembra-te, uma pequena centelha dissipa a escuridão
Seja a luz do farol que guia aquele que caminha na sombra da noite
Seja a luz que ilumina seu próprio caminho
Aquele velho búfalo ainda pode muito,
Ainda há tempo para que o tempo te surpreenda.
.
Daniel Albherto Gabiatti.

Nada morre, tudo renasce.


Nada morre, tudo renasce.

Já é hora de vestir suas roupas
Tire seu pijama.
É dada a hora de levantar,
És uma estrela que como o sol brilha
                                         [Caso o sol se recusasse a nascer;
                                         Como ficaria seu entardecer junto ao mar?
                                         Caso as estrelas fugissem de casa;
                                         Como ficaria sua noite de luar?]
Não deixe de brilhar
Pessoas vêm e vão, fatos vêm e vão,
Nesse cíclico vai e vêm mitos nascem,
Mitos se vão.
Enquanto viveres grandes pessoas virão
Também grandes pessoas irão
Tudo esta acontecendo,
Como um grande rio, tudo flui
Flui como a gota d’água que a tudo empurra ou contorna
Até que encontra seu destino, formando oceanos           
                                         [Acredite;
                                         Não deixe de brilhar
                                         Não deixe de fluir
                                         Não deixe de viver]
Nada volta, tudo flui
Lembranças, perene somente estas,
O passado deveria estar morto, é o que dizes
Na realidade manténs o passado vivo
Em cada lágrima que a lembrança produz.
Saiba aprender com os exemplos
Belo é o exemplo das flores:
Pacientemente esperam o frio passar,
Enfrentam as noites de inverno
Eis que juntas formam o imenso jardim chamado primavera.
                                         [Bravos seguem em frente, intrépidos e fortes]
Continue, acredite, siga
À frente e ao infinito, sem medo e sem limites
Sem medo de si, sem medo de ser
Ser humano, ser sensível
Sem limites convenientes
Seja boa consigo mesma,
Sem tempo perdido ou limites impostos.
Lembranças pesam, apertam,
Lembra-te, a transcendência é o que difere o amor das banalidades mundanas
Mais ainda, entenda;
Não perdeste um pedaço de ti,
Ganhaste um anjo
Anjo este que olha por ti e sorri,
Sabe ele o quanto tens a brilhar,
Não deixe de brilhar,
Encontra teu oceano, floresça na primavera,
Assuma-te Fênix, renasça de tuas cinzas
E então novamente brilhe.
.
Daniel Albherto Gabiatti

Chamas de Outrora


Chamas de Outrora

Um louco fascinado por sorrisos
Portas dos sentimentos, portas que fascinam
A razão é simples na forma e complexa na substância
                                         [Um sorriso pode mudar o mundo;
                                         Um sorriso sincero, de fato muda]
Enquanto cai a chuva
Tenta encontrar o sonho que seu sono perdeu
                                         [Onde está você? Onde estamos? Onde estou?]
Relembra o que não viveram
Já não faz tanto frio
As lembranças vêm e vão
O calor da loucura aquece seu corpo e incendeia sua alma
Despertam-se sentimentos.
O sol, tímida e imponentemente, nasce
Mesmo que distante lembra que já é novo dia
Nova chance, novo roteiro, personagens os mesmos
Esses não mudam, não quer que mude
Um novo destino a sua escolha, à sua vontade
A mudança traz consigo incerteza
A inconstância do caminho causa medo
                                         [Permita-se
                                         Abra seu sorriso sempre que vier a tempestade
                                         Por certo, abrigo não lhe faltará]
Nada mais é que um trovão, agora sabe
Vá em frente, levanta-te,
Os homens maus a ti aqui não podem chegar
Verás tão belas chamas quanto às de outrora
Nada mais era que o som de sua cegueira
A qual parecia romper seus tímpanos
Toda tempestade é passageira                               
O sol nunca deixou de brilhar
                                         [Usa, criança, o inverno para que aprendas
                                         Aprenda a encontrar calor onde somente gelo existe
                                         Não clame por calor sem soltar sua pedra de gelo
                                         Sem fazer derreter o gelo que pulsa em seu peito]
Os dias são assim, precisam-se de novas chances, novas direções
Tão anestesiante quanto o que sente é a noção de que algo está mudando
                                         [Algo precisa mudar]
Não esquecera dos minutos junto àquele sorriso
Toda a loucura, gritos, sons, toda música
Evoluíra, crescera, aprendera
A música se findou, gritos não fazem mais sentido
Não compõe seus sentidos
Somente o som das palavras é agora audível
Tudo resumido a mais um sonho sem sono?
Quem poderá dizer?
Algo quer dizer?
.
Daniel Albherto Gabiatti

Real Insanidade


Real Insanidade

Aparenta ter tudo
Tudo o que tem é nada do que precisa
                                         [Enganada por suas próprias asas]
O vazio em seu peito torna sua existência agonizante
Alimenta esperanças quando sublima emoções dispondo-as no papel
Real somente fantasias tão racionais quanto a lógica que produz genocidas
Aos gritos agoniza, chora, ao seu redor nada fica no lugar
Paredes lhe servem de caderno
Como Dom Quixote, luta com moinhos de vento e barris de vinho
Contra a realidade, contra o mal que povoa de bondade corações desavisados
Familiariza-se com Midas
Rodeada por ouro,
Tão comum, nada mais é que pedra
Mesma pedra que pulsa em seu peito e que atira em quem se aproxima
                                         [Guardem sua bondade para o mal que alimentam!]
Escreve escondida de si mesma, contra seu egoísmo,
Custa a aceitar que alguém merece suas palavras…
                                         [“Por que você, por que eu?
                                         Seu corpo me leva a loucura
                                         Para onde voou? Por que quis voar?
                                         A mesma loucura que move o que conheço
                                         Por que esse mundo tem de girar?”]
Em sua cama litros vazios, marcas de cigarros no colchão e um corpo que morbidamente sorri
Ri da comédia da escoria que diz ser racionalmente normal,
Que se encontra anestesiada
De mãos atadas aos próprios preconceitos
                                         [Masoquistas por excelência!
                                         Entendam a redenção não esta em propriedades
                                         Está nos sentimentos
                                          Cultivem, cativem, alimentem-se]
Mas toda essa escoria planta frutos podres e esperam colher sementes agradáveis
Vendem sentimentos em uma loja de doces
“Gostosuras ou travessuras, escolha!”
Travessuras, sim, todos os dias
                                         [Onde está você,
                                         Será que ainda voa?
                                         Por que oitavo andar?]
Compartilhara tanto em tão pouco tempo
As fantasias tão reais que alimentara a fizeram voar
Fizeram-na encontrar suas asas e assinar a sua própria alforria
Para não mais rastejar
Não mais reclamar
Sentir-se liberdade
Sorrir, voar,
Nada mais.
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Daniel Albherto Gabiatti

Tapa de Luva


Tapa de Luva

Andando pela rua, tarde de sol,
Avistei um homem,
Um anônimo conhecido pela cidade por ser “especial”
Diga-se de passagem, é posto a margem por todos, inclusive por este que escreve
Distrai-me por alguns segundos
Olhei-o novamente
Vi que ajuntara algumas folhas em frente a uma loja,
Curvando-se de forma tão humilde, tirou a sujeira, sorriu.
Quanta sinceridade em seu sorriso,
Tamanha nobreza em tão simples ato,
Não sei o porquê, não pude parar de pensar naquele gesto,
Tamanho tapa de luva, levei hoje
Lição que aprendi:
Nos pequenos atos escondem-se as grandes virtudes.
Por observar os detalhes do dia-a-dia a vida tem me ensinado muito
Estou aprendendo a sentir, deixei de apenas pensar.
.
Daniel Albherto Gabiatti

Especialidade


Especialidade

Não penses que és especial por chorares,
Porcos também choram ao nascer,
Nem por isso considera-os especiais
Lágrimas não podem servir-lhe de pretexto à tuas carências
Tantas lágrimas vãs encobrem o choro de sua alma.
Tua alma chora em cada passo seu ao passado
Em cada lembrança do que não viveste;
Os dias de chuva no deserto
No calor do Tempus Hibernus em que te enclausuraste.
Tornou-se egoísta, a nostalgia que vives alimenta teu egoísmo;
Egoísmo que limita, pouco constrói, muito destrói
É ouro de tolo, fascina, causa dependência.
Depende daquilo que não és teu, por mais que queiras, não é.
Os sentimentos que cativas, saiba, formam quem és.
Saber reconhecer é saber ser, ser vivo.
Seja, aceite viver o que é seu;
Viva, entregue-se, aceite que tudo é temporário
Valore momentos, entenda o cicliquismo, siga
À frente e ao infinito, sem medos ou modos
Sem medo de si, sem medo de ser
Ser humano, ser sensível
Sem limites convenientes, tempo perdido ou limites impostos.
Faça sua sombra, não seja mais uma, aceite a imensidão de seu brilho.
Ah, e ao chorar, que seja de alegria.
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Daniel Albherto Gabiatti

A Máscara


A Máscara

De que adianta correr,
Não podes fugir,
Esta tudo aqui, debaixo de seus olhos
É mais simples do que pensas
Como fugir do que guardas por traz de sua máscara?
És o que cultivas, o que pensas ser ou o que fazes para ser
Qual o destino que planejaram a ti?
Veem-te marionete;
Outra marionete dos próprios anseios, dentre tantas, apenas mais uma
O teatro esta cheio de protagonistas, produzem-se às dúzias
Na tragédia encenada cultivam anseios, modismos
Existem tantos reis ou rainhas, pouca plebe, muita estrela, pouca constelação
Sobem, descem, gritam, agonizam nos medos que produzem
Enquanto o público, o que resta do público, às gargalhadas aplaude a tragédia encenada.
Por traz das máscaras, o pó da existência, pó do que existiu.
Mostram-te que podes ser protagonista, rainha ou estrela ao usar a máscara,
Serás nada mais que pó.
Arranque a máscara, respire, pense, rasgue roteiros, chute os falsos diretores
Escolha, subir ao palco ou comprar os bilhetes,
A bilheteria está aberta, sempre esteve
Ouça quem quiser, siga quem ou o que for,
o destino pode ser o mesmo se quiseres,
Mas entre a bilheteria e a platéia és tu,
e mais ninguém, quem escolhe.
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Daniel Albherto Gabiatti

Asas

Asas

Sem saber por que, pugna, arrasta-se
Rastejante traz consigo a depressão
O mundo não merece seu sofrimento
Suor, lágrimas ou anseios não serão servidos em uma bandeja.
Em seu casulo aloja-se, esconde-se;
O passado deveria estar morto.
Amordaçada em suas teias, seu casulo, sua mente,
Forja seu universo às costas do mundo.
Dor já não faz sentido, nada mais faz sentido;
Respostas, de que servem respostas?
Neste universo as respostas são as perguntas que ordenam a direção;
De sábio somente a insanidade,
Raros lapsos de consciência entregam a mente à loucura,
A deformidade dos pensamentos começa a fazer sentido.
A luz rompe as paredes.
O casulo incomoda, é frio, faz muito frio.
A cama já não é mais tão alta
É parte do que deve estar morto.
A luz cega, mas conforta.
Sempre presente, protege-se como medusa
Não aceita ser admirada
Faz ruir as amarras,
As asas coloridas fascinam, fissuram, são falsas
Alça vôo, quer encontrar a luz, a janela esta aberta
É oitavo andar, o vôo é magnífico
De olhos fechados, ignora a gravidade
Novamente encontra o chão,
Não mais rasteja,
Nada mais
.
Daniel Albherto Gabiatti.

Abra a porta

Abra a porta

Não feche a porta de seu sorriso
Não de isso a eles, é o que querem, é o que têm;
Podem querer arrancar tudo,
Nunca tirarão sua capacidade de sorrir
Em tempo algum tirarão sua capacidade;
Jamais apanharão o brilho do seu sorriso,
Não roubarão seu brilho, seus tesouros.
Olhar doce, sorriso fácil, tesouros
É estranho, tesouros,
O que realmente valor tem?
Tem para quem?
Por mais confuso que seja,
A inconstância do caminho não pode alterar a beleza do destino
Crer no destino, eis a luz,
Trilhar o rumo, eis a força,
Abraçar o destino, eis a redenção.
És forte
Diga-se, és forte por sorrir, és forte por existir
És forte por manter a porta aberta
Aproveite, o momento é esse
Onde estiver, qual hora seja,
Seja
Lembre-se, a porta;
Abra a porta, mantenha aberta.
É o que tens, é o que têm.
.
Daniel Albherto Gabiatti.

Lucidez

Lucidez

A insana lembrança da caixa de pandora insiste em embriagar.
Palavras já não tem sentido, inebriados sentidos se entrelaçam.
Psicose toma as rédeas,
Ecoa no vazio do peito aberrante murmúrio chamado Bios.
Bios escravizou, quase tornou Zoo, repugnante Zoo que tanto teme
O temor brada às costas, bate à porta
Ombros não suportam peso, a porta está entreaberta
Zoé chama, Zoé faz crer, Zoé fará viver.
.
Daniel Albherto Gabiatti.
…transformar-se-á ódio em orgulho, o sofrimento em glória, far-se-á saber a todos que nenhuma dor é eterna e que nenhuma ferida se faz incapaz de cicatrizar… (trecho de “Efeito 430”)