sábado, 7 de janeiro de 2012

Sim, a velha redoma.

Sim, a velha redoma.

Ainda lembro-me de ti
Sei quem és
Teus olhos encontro eu em cada esquina
Meia volta, volta e meia estás aqui
Como pode tanto tempo ficar ausente
Desfiz-me de tua presença acreditando ser o melhor
                                           Sem perguntar se melhor era
                                           A que ou a quem
Imerso em rituais
Crenças e superstições
Buscas segurança
Ser normal já é um sonho
A figura do sagrado em tua mente toma conotações diversas
Sim, bem sei.
Ainda lembro-me de ti
Sei quem és
Teus olhos encontro eu em cada esquina
Coragem que te falta
Nas notas de Chopin busca alento,
                                           Sábia escolha
                                           Busca, apenas busca respostas e soluções
Estagna neste estado, pois o medo das soluções maior é
Sim, maior que a redoma supersticiosa em que se apóia todos os dias
Beethoven – talvez – não teve a chance de brindar sua alma com sua própria música
Coisa que neste instante fazes
E ainda assim sente-te um lixo
Buscas no inalcançável
Nas esfarrapadas desculpas diárias esquivar-se do que realmente deves ser
De quem és, mais ainda, de quem queres ser
Tudo isso por quê?!
                                           As respostas em sonhos esperas encontrar
                                           Sentar e esperar
                                           Melhor dizendo, em teu caso, dormir e sonhar
Não há mais tempo para isso
Quanto vale um minuto de tua vida?
A cada minuto que jogas fora
É menos um minuto que tens próximo a quem amas
Assim como Beethoven não necessitava ouvir fisicamente sua obra
Brindava sua alma com o que lho era,
Sua genialidade transcendia os limites físicos
Tu também podes romper tua redoma de medos, superstições e carências
                                           Mil desculpas poderia ele ter encontrado, aos punhados!
                                           Deixar de compor, sumir em meio à suas superstições
                                           Fácil seria!
                                           E a sonata ao luar estaria a embalar estes versos após 200 anos?
Exatamente, não há mais tempo para desculpas
                                           Lembra?
                                           Há tempo sim, para que o tempo te surpreenda
Confiança, segurança, fé
Levantar a cabeça é o que precisas
Cuida de ti, investe tempo e energias em que (quem) amas
Ressuscita o brilho dos olhos
O sorriso da face
A dignidade da leveza do sono
Resgata o velho eu, una-o à experiência de quem és
Torna-te seu eu
Eis quem sou, quem somos:
Quem fomos, quem somos e quem queremos ser.
Daniel Albherto Gabiatti.